Em 2009, quando Satoshi Nakamoto lançou o Bitcoin, a mineração podia ser feita em um computador doméstico comum. O primeiro bloco rendeu 50 BTC, que na época não valiam nada. Dezesseis anos se passaram e a mineração se transformou em uma indústria com capitalização de mais de US$ 20 bilhões, com fazendas industriais consumindo mais energia do que países inteiros. Durante esse tempo, a indústria sobreviveu a quatro halving, uma proibição na China, a transição do Ethereum para PoS e dezenas de previsões sobre a “morte da mineração”. Mas eis o paradoxo: a cada crise, a rede só ficou mais forte.

O que é mineração de criptomoedas e por que ela é extremamente importante
A mineração de criptomoedas não é apenas o processo de criação de novas moedas. É um mecanismo fundamental que garante a segurança, a descentralização e o funcionamento das redes blockchain usando o algoritmo Proof-of-Work (PoW). Imagine um sistema bancário em que, em vez de um regulador central, milhares de participantes independentes verificam simultaneamente todas as transações:

Em outubro, o hashrate da rede Bitcoin atingiu níveis históricos,excedendo 1161 EH/s, demonstrando um nível recorde de segurança da rede:
Três pilares da mineração
Segurança por meio do poder computacional. Para atacar a rede Bitcoin, um invasor precisaria controlar mais de 51% de todo o poder computacional. Com a taxa de hash atual, isso significa investimentos em equipamentos superiores a US$ 20 bilhões, além de custos colossais de eletricidade. Economicamente, isso é inviável.
Descentralização e resistência à censura. De acordo com as estatísticas, milhões de dispositivos de mineração estarão operando ativamente em mais de 140 países em 2025. Isso significa que nenhum governo ou corporação pode controlar unilateralmente a rede.
Emissão justa. A mineração cria uma emissão previsível e matematicamente determinada de novos bitcoins. Ao contrário das moedas fiduciárias, em que os bancos centrais podem imprimir dinheiro a seu critério, a emissão de Bitcoin é estritamente limitada a 21 milhões de moedas.
Como funciona a mineração: da teoria à prática
Quando você envia uma transação de Bitcoin, ela entra no mempool — uma fila de espera. Os mineradores coletam essas transações em blocos e começam a resolver um quebra-cabeça criptográfico: encontrar um número (nonce) de forma que o hash do bloco atenda a certas condições.
É como tentar encontrar a combinação de uma fechadura extremamente complexa, onde o único método é tentar bilhões de variações por segundo. O primeiro minerador a encontrar a solução ganha o direito de adicionar o bloco à blockchain e recebe uma recompensa.

Principais métricas de mineração em 2025
Hashrate — o poder computacional total da rede. Pode ser rastreado em Blockchain.com ou Glassnode. Quanto maior o hashrate, mais segura é a rede.
Dificuldade — ajustada automaticamente a cada 2016 blocos (~2 semanas) para manter um tempo médio de criação de blocos de 10 minutos. Dados disponíveis em BTC.com/stats.
Recompensa do bloco — após a quarta redução pela metade em abril de 2024, ela é de 3,125 BTC mais taxas de transação. Informações atuais podem ser encontradas em Mempool.space.
Preço de equilíbrio — o preço do BTC no qual a mineração continua lucrativa. De acordo com os cálculos dos analistas, o ponto de equilíbrio médio para grandes empresas de mineração em 2025 é de US$ 40.000 a US$ 50.000 por 1 BTC.
A economia da mineração: a realidade de 2025
Ao longo de 16 anos, todos nós testemunhamos pelo menos cinco ciclos completos de “a mineração está morrendo — a mineração está prosperando”. Após cada redução pela metade, os analistas prevêem o colapso do setor, mas a história mostra o contrário.
Despesas de capital
Uma fazenda de mineração moderna requer um investimento significativo. O Antminer S21 de primeira linha custa US$ 7.000-9.000 no mercado. Uma fazenda industrial precisa de centenas ou milhares desses dispositivos, além de infraestrutura: sistemas de refrigeração, subestações elétricas, edifícios — isso adiciona 30-40% ao custo do equipamento.
O fator geográfico desempenha um papel importante. De acordo com dados da CCAF, os EUA lideram com ~38% do hashrate global, seguidos pelo Cazaquistão (~18%), Rússia (~51%) e Canadá (~10%):

Custos operacionais
A eletricidade é o principal item de despesa. É por isso que os mineradores migram para regiões com energia barata: usinas hidrelétricas da Noruega (US$ 0,03-0,05/kWh), campos de gás do Texas (US$ 0,04-0,06/kWh), excesso de energia do Cazaquistão. Os dados atuais de consumo de energia estão disponíveis no Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index.
Exemplo de cálculo para um minerador doméstico
Vamos considerar um caso real:
- Investimento: 1× Antminer S21 — $7800
- Consumo de energia: 3500 W
- Tarifa: $0,08 / kWh
- Preço do BTC: $120.000
- Receita diária: ~$20–22
- Custos de eletricidade: ~$6,7
- Lucro líquido: ~$14 por dia / ~$420 por mês
- Período de retorno: ~18–20 meses
Use calculadoras como WhatToMine ou ASIC Miner Value para cálculos precisos para suas condições.
PoW vs PoS: uma comparação objetiva
Após a transição da Ethereum para Proof-of-Stake em setembro de 2022, os debates sobre as vantagens do PoW e do PoS se intensificaram. Vamos analisar objetivamente.
Vantagens da Proof-of-Work
Segurança comprovada: o Bitcoin está em operação há 16 anos sem um único ataque bem-sucedido ao consenso. A economia da rede é tal que a participação honesta é mais lucrativa do que um ataque.
Conexão física: PoW cria uma ligação real entre o ativo digital e o mundo físico por meio dos custos de energia. Isso torna um ataque não apenas caro, mas também fisicamente intensivo em recursos.
Descentralização justa: teoricamente, qualquer pessoa pode comprar um ASIC e começar a minerar. No PoS, os stakers ricos ficam automaticamente mais ricos.
Vantagens da Prova de Participação
Eficiência energética: O Ethereum após a fusão reduziu o consumo de energia em 99,95% — de 94 TWh/ano para 0,01 TWh/ano.
Baixa barreira de entrada: Para participar do Ethereum, você precisa de 32 ETH para solo ou de US$ 10 para participar de pools. Compare com mais de US$ 8.000 para um ASIC mais infraestrutura.
Escalabilidade: PoS facilita a implementação de soluções como sharding.
Ambos os sistemas têm o direito de existir. O Bitcoin, como ouro digital, precisa da máxima segurança e do conservadorismo do PoW. O Ethereum, como plataforma para aplicativos, se beneficia da flexibilidade e eficiência do PoS.
O impacto da redução pela metade: lições de 2024
A quarta halving do Bitcoin ocorreu em 20 de abril de 2024, no bloco 840.000. A recompensa foi reduzida de 6,25 para 3,125 BTC. Observei todas as quatro halvings e, a cada vez, o padrão se repete.
Dados históricos
Primeira halving (28/11/2012): 50 → 25 BTC
- Preço antes: ~$12, um ano depois: ~$1000
Segunda redução pela metade (09/07/2016): 25 → 12,5 BTC
- Preço antes: ~$650, pico do ciclo: $19800
Terceira redução pela metade (11/05/2020): 12,5 → 6,25 BTC
- Preço antes: ~$8600, pico do ciclo: $69000
Quarta redução pela metade (20/04/2024): 6,25 → 3,125 BTC
- Preço antes: ~$64000, outubro de 2025: ~$123000
As estatísticas e os dados históricos da redução pela metade podem ser estudados no CoinMarketCap e no CoinGecko.
O que mudou após a redução pela metade de 2024
Saída de participantes ineficientes: cerca de 20-25% dos mineradores com equipamentos desatualizados encerraram suas operações em maio-junho de 2024. A taxa de hash caiu temporariamente, mas se recuperou no final do ano graças aos novos ASICs eficientes.
Crescimento do papel das taxas: as taxas de transação se tornaram extremamente mais importantes. Em dias de pico (por exemplo, o lançamento de coleções populares da Ordinals), as taxas constituem 30-40% da renda dos mineradores, contra os 5-10% históricos. As taxas podem ser monitoradas em Mempool.space/graphs.
Consolidação do setor: grandes empresas públicas de mineração (Marathon Digital, Riot Platforms, CleanSpark) aumentaram sua capacidade adquirindo ativos de empresas falidas.
A questão ambiental: fatos x mitos
As críticas ao consumo de energia do Bitcoin são um tema favorito da mídia. Vamos analisar objetivamente.
Consumo real de energia
De acordo com o Índice de Consumo de Eletricidade do Bitcoin de Cambridge, a rede Bitcoin consome cerca de 150-180 TWh por ano. Para comparação:
- Todos os data centers em todo o mundo: ~460 TWh/ano
- Sistema bancário: ~260 TWh/ano
- Produção de ouro: ~240 TWh/ano
- Sistemas de refrigeração nos EUA: ~600 TWh/ano
O contexto é importante: o Bitcoin atende a centenas de milhões de usuários e processa trilhões de dólares em transações.
Participação da energia renovável
De acordo com pesquisas, em 2025, cerca de 50-55% da mineração operará com fontes de energia renováveis:
- Energia hidrelétrica: ~30%
- Energia solar: ~12%
- Energia eólica: ~8%
- Geotérmica: ~4%
Isso é superior à média da economia global (~29% de energias renováveis). Os dados podem ser acompanhados no Bitcoin Mining Council.
Uso inovador de energia
Os mineradores estão se tornando parceiros da rede de energia. As empresas utilizam gás associado que, de outra forma, seria queimado de forma desperdiçadora. No Texas, os mineradores participam do programa Demand Response (Resposta à Demanda) — desligando-se durante os picos de carga para estabilizar a rede.
Na Finlândia, o calor das fazendas de mineração é usado ativamente para aquecer casas — empresas como Hashlabs, Terahash, MARA e MinersLoop fornecem calor de mineradores ASIC resfriados a água diretamente para os dutos da cidade.

De acordo com analistas, as empresas de mineração finlandesas fornecem calor para as casas de cerca de 140.000 pessoas, o que representa aproximadamente 2,5% da população do país.
Guia prático: como começar a minerar
Se, após a teoria, você decidiu tentar a mineração, aqui está um plano passo a passo.
Passo 1: avaliar a viabilidade
Calcule os custos de eletricidade. Se você paga mais de US$ 0,10/kWh, a mineração doméstica provavelmente não é lucrativa. Verifique sua tarifa e use calculadoras como a NiceHash Calculator.
Verifique a legislação. Em alguns países, a mineração é proibida ou opera em uma área cinzenta.
Avalie as condições. Os mineradores ASIC são tão barulhentos quanto um aspirador de pó (70-80 dB) e geram muito calor. Você precisa de um bom resfriamento e isolamento.
Etapa 2: Escolha do equipamento
Para Bitcoin: Antminer S21 Pro (234 TH/s), Whatsminer série M60 ou os modelos mais recentes. Verifique os modelos e preços atuais em ASIC Miner Value.
Para altcoins: Se você deseja minerar outras moedas, estude ASICs especializados para Litecoin, Kaspa ou outras moedas PoW.
Passo 3: Escolhendo um pool de mineração
Minerar Bitcoin sozinho com um ASIC é inútil. Você precisa de um pool. Opções populares:
- Foundry USA Pool — o maior, ~30% de hashrate
- AntPool — ~18% de hashrate
- F2Pool — o pool mais antigo com boa reputação
- Braiins Pool — código aberto
Compare os pools no MiningPoolStats.
Passo 4: Monitoramento
Monitore a temperatura: os ASICs devem operar entre 60 e 75 °C.
Verifique o hashrate: use o painel do pool e compare com as especificações declaradas.
Calculadoras de lucratividade: recalcule regularmente o ROI no WhatToMine, considerando o aumento da dificuldade.
Alternativas à mineração
Se a mineração parecer muito complicada, existem alternativas:
Staking
Se você tem Ethereum, Cardano, Polkadot — o staking oferece 4-12% ao ano sem equipamentos. O staking líquido através do Lido permite que você mantenha a liquidez do token.
DeFi Yield Farming
Fornecer liquidez em protocolos AMM como Uniswap ou Curve Finance gera taxas de negociação mais tokens de recompensa. APY 10-50%+, mas há riscos de perdas temporárias.
Estratégia DCA
A estratégia mais simples: compre uma quantia fixa de Bitcoin toda semana/mês, independentemente do preço. Estatisticamente, em um longo período (3+ anos), ela supera a maioria dos traders ativos. Use exchanges como Binance ou Kraken com recursos de compra automática.
Mineragem em nuvem
A mineração em nuvem também está mais relevante do que nunca, por exemplo, em empresas como Gomining, onde você pode ganhar mesmo sem investir.
Riscos da mineração
Volatilidade dos preços: se o BTC cair 30%, sua receita diária cairá proporcionalmente e o período de retorno do investimento se estenderá.
Aumento da dificuldade: historicamente, a dificuldade do Bitcoin aumenta em média 3-5% a cada duas semanas. Acompanhe em BTC.com/stats/diff.
Obsolescência: ASICs de nova geração aparecem a cada 12-18 meses com melhorias de eficiência de 30-50%.
Riscos regulatórios: os governos podem alterar as regras repentinamente. Acompanhe as notícias no CoinDesk e no The Block.
Riscos técnicos: incêndios, falhas de equipamento e picos de tensão exigem seguro e medidas de segurança.
O futuro da mineração: tendências para 2026-2028
Maior institucionalização
As empresas de mineração públicas já controlam cerca de 50% do hashrate do Bitcoin. Até 2027, esse número pode crescer para 80%.
Integração com o setor energético
Os mineradores se tornarão atores-chave na transição energética, participando do equilíbrio da rede e usando fontes de energia 100% renováveis.
Avanços tecnológicos
Os chips de 3 nm e 2 nm podem melhorar a eficiência em mais 40-50%. O resfriamento por imersão está se tornando mais acessível, aumentando a vida útil dos equipamentos.
Quinta redução pela metade (2028)
A recompensa será reduzida para 1,5625 BTC. Se o preço não subir para pelo menos US$ 150.000, muitos pequenos mineradores sairão do mercado. As taxas devem constituir 40-50% da receita para manter a segurança da rede.
Erros comuns de iniciantes
Subestimar a eletricidade — a principal causa de perdas. Sempre calcule o lucro líquido.
Comprar equipamentos desatualizados — ASICs antigos e baratos geralmente operam com prejuízo.
Ignorar o resfriamento — o superaquecimento reduz a vida útil do equipamento.
Escolha errada do pool — estude a reputação e as condições no MiningPoolStats.
Armazenar moedas no pool — retire para sua própria carteira pelo menos uma vez por semana.
Métricas para monitoramento
- Hashrate: Blockchain.com/charts/hash-rate
- Dificuldade: BTC.com/stats/diff
- Receita do minerador: Glassnode Studio
- Métricas na cadeia: CryptoQuant
- Preços dos equipamentos: ASIC Miner Value
Perguntas frequentes
Como funciona a mineração?
Os mineradores resolvem problemas criptográficos gastando eletricidade e poder computacional. Isso cria uma barreira econômica para ataques à rede e garante o processamento das transações.
É possível ganhar dinheiro com mineração?
Sim, nas condições certas (eletricidade barata <$0,08/kWh, equipamentos modernos), você pode obter um ROI anual de 30-50%. No entanto, os riscos são significativos.
Quais métricas são importantes para a mineração?
Hashrate, dificuldade, hashprice (renda por unidade de energia), preço de equilíbrio, fluxo líquido do minerador. Acompanhe em plataformas especializadas como Glassnode e CryptoQuant.
Mineração ou staking — o que escolher?
Depende do capital e das habilidades técnicas. A mineração requer um investimento sério e preparação técnica, mas é potencialmente mais lucrativa. O staking é mais simples e acessível, mas com retornos menores.
Onde acompanhar as notícias sobre mineração?
- Dados na cadeia: Glassnode, CryptoQuant
- Estatísticas: BTC.com, Mempool.space
- Calculadoras: WhatToMine, ASIC Miner Value
- Notícias: CoinDesk, The Block, Bitcoin Magazine
A mineração é legal no meu país?
Verifique a legislação local. Na maioria dos países ocidentais, a mineração é legal, mas exige o pagamento de impostos. Em alguns países (China, Argélia), a mineração é proibida.
Como a mineração afeta o meio ambiente?
O Bitcoin consome cerca de 150-180 TWh/ano, mas mais de 50% dessa energia vem de fontes renováveis. Os mineradores usam ativamente o excesso de energia e participam da estabilização das redes elétricas.
Conclusão
Depois de muitos anos na indústria de criptomoedas, pode-se afirmar com segurança: a mineração continua sendo um componente extremamente importante do ecossistema de criptomoedas. Sim, a indústria está mudando. Sim, a barreira à entrada está aumentando. Mas a necessidade fundamental da mineração para o Bitcoin não vai a lugar nenhum.
A mineração está evoluindo de um hobby para entusiastas para uma indústria madura, com participantes profissionais e integração ao sistema energético global. Para aqueles que estão pensando em entrar na mineração: façam sua lição de casa, calculem a economia três vezes, considerem todos os riscos. Mas se os números baterem, a mineração continua sendo uma das maneiras de obter bitcoins “limpos”.
As criptomoedas precisam da mineração porque é o único sistema conhecido que garante simultaneamente segurança, descentralização e resistência à censura sem confiar em uma autoridade central.
Isenção de responsabilidade: este artigo tem fins exclusivamente educacionais e não constitui aconselhamento financeiro. A mineração de criptomoedas envolve riscos financeiros. Consulte um consultor financeiro profissional antes de iniciar a mineração.
E para não perder os fundamentos, comece com o básico: inscreva-se na Crypto Academy e tenha acesso ao curso gratuito “Crypto from Zero to Advanced Investor” → https://academy.gomining.com/courses/bitcoin-and-mining
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November 3, 2025








